O Supremo Tribunal Federal, nossa mais alta corte, deveria ser o guardião da Constituição. O problema é quando o guardião resolve se tornar protagonista do espetáculo. Em vez de limitar-se à interpretação da lei, passa a ditar os rumos do país com uma caneta que mais parece uma espada — cortante, impositiva, e muitas vezes surda aos clamores das ruas.
Recentemente, temos visto decisões monocráticas de ministros que suspendem leis votadas pelo Congresso, interferem em investigações, e até assumem o papel que seria do Executivo. Ora, o equilíbrio entre os poderes virou uma gangorra desregulada: quando o STF sobe demais, a democracia escorrega.
Não se trata aqui de defender A ou B. Trata-se de alertar que quando o Supremo atua como partido político togado, ele mina sua própria credibilidade. A imparcialidade, que deveria ser sua marca, dá lugar à suspeita, à desconfiança, à polarização.
E quando a toga desce do altar da justiça para entrar no palanque da opinião pública, é o povo que paga o preço. Porque enquanto os ministros travam batalhas públicas, o cidadão continua sem saúde, sem segurança, sem educação — e agora, também sem confiança em quem deveria zelar pela Constituição.
O Brasil precisa de um STF técnico, discreto e responsável. O contrário disso é espetáculo jurídico, vaidade institucional, e uma democracia fragilizada por dentro. Até quando?