A governadora Raquel Lyra começa a desenhar o tabuleiro de 2026. As recentes mudanças no secretariado do governo estadual não deixam dúvida: o foco está nas eleições do ano que vem. Com a caneta em mãos, Raquel remaneja, acomoda aliados e isola desafetos. Tudo no compasso da política eleitoral, não da gestão pública.
Enquanto isso, a briga com a Assembleia Legislativa continua em estado de fervura. A relação entre a governadora e os deputados estaduais segue marcada por trocas de farpas, falta de diálogo e um jogo de empurra que trava o desenvolvimento de Pernambuco. O clima nos bastidores é de desconfiança total — a base que deveria sustentar o governo anda desarticulada, e cada movimento do Palácio do Campo das Princesas parece calculado para minar adversários ou garantir palanques para 2026.
A questão que ecoa é: quem está pensando no povo de Pernambuco? Porque, até agora, os movimentos no governo não têm foco claro em saúde, segurança, infraestrutura ou combate à fome. O foco é outro — garantir apoios, reforçar palanques, acomodar partidos e evitar traições. O “toma lá, dá cá” pernambucano tem sotaque novo, mas segue os mesmos vícios de sempre.
Raquel, que chegou ao poder com a promessa de renovação e firmeza, começa a repetir velhos padrões: usa o governo como trampolim eleitoral. E mais: ao invés de tentar pacificar a relação com a Alepe, alimenta a crise institucional, apostando no confronto como estratégia para aparecer como vítima ou como combatente da velha política. Mas o povo não é bobo. O povo quer resultado. Quer um Estado que funcione, que tenha hospitais abertos, escolas seguras e estradas transitáveis. Não um governo de marketing e articulação.
Se tudo é feito pensando na eleição, quem pensa no Estado?
A política de Pernambuco está em guerra fria — e Raquel parece disposta a vencer a qualquer custo. Mas até lá, o relógio corre, o povo espera e o Estado… para.


