Chove em Pernambuco e, com a mesma previsibilidade de sempre, o caos se instala. Deslizamentos, ruas alagadas, casas invadidas pela água, desabrigados e, em alguns casos, tragédias irreparáveis. A cena se repete ano após ano, como um filme de terror do qual ninguém consegue sair. A diferença é que o roteiro nunca muda, mas o número de vítimas aumenta.
O problema das chuvas no Estado não é novidade. O que impressiona é a incapacidade — ou pior, o descaso — dos sucessivos governos em enfrentar a questão com a seriedade e planejamento que ela exige. Quando o céu fecha e as nuvens desabam, o que também desaba é a estrutura de cidades inteiras que seguem vulneráveis, desordenadas, sem drenagem, sem prevenção e com obras emergenciais que só surgem depois da tragédia.
Governos vão, prefeitos entram e saem, promessas se acumulam… e a água segue levando tudo. O povo, que já aprendeu a conviver com o medo, sente na pele a ausência do Estado. Fala-se em comitês de crise, em decretos de emergência, em verbas extraordinárias, mas quase nada é feito entre uma enchente e outra. A prevenção, que deveria ser prioridade, continua sendo palavra vazia em palanque de campanha.
E mais uma vez, o que vemos são imagens de famílias desesperadas, bairros inteiros sem estrutura mínima e agentes públicos fingindo surpresa diante do previsível. Chove no Recife, chove em Jaboatão, chove em Camaragibe, chove na Zona da Mata… mas o que realmente transborda é a incompetência de quem governa.
O velho problema das chuvas em Pernambuco já passou da hora de ser tratado com a seriedade de uma política pública de longo prazo, não com gambiarras eleitoreiras. Enquanto isso não acontece, o povo segue boiando — sem apoio, sem casa e sem esperança.
Porque, infelizmente, em Pernambuco, basta chover… para tudo vir à tona.