Pão e circo para eles…….o povo

Pão e circo

Hoje eu quero falar de uma escolha que parece pequena, mas que tem definido o destino de cidades, estados e do nosso país: a escolha entre a festa e os bons políticos. Sim, isso mesmo. Entre o brilho momentâneo de uma celebração e a construção silenciosa, difícil, mas essencial de um bom governo.

A cena é comum: ano de eleição, carros de som nas ruas, candidatos sorridentes em cima de trios elétricos, panfletos voando, promessas sendo jogadas ao vento. E o povo ali, muitas vezes encantado, participando como se fosse um grande carnaval cívico.

E aí vem a pergunta que incomoda, mas precisa ser feita: quantas vezes o voto é dado para quem oferece a melhor festa e não para quem tem o melhor projeto?

Não me entenda mal, meu amigo ouvinte. O brasileiro é um povo alegre por natureza. A festa faz parte da nossa identidade. A música, o riso, o encontro na praça, tudo isso é cultura, é resistência. Mas quando a política vira só isso — entretenimento — a democracia se transforma num palco vazio. E quem paga a conta, como sempre, é o povo.

Quantas vezes vimos candidatos sumirem no dia seguinte à eleição? Prometeram mudança, mas entregaram mais do mesmo. O asfalto que não chegou, a escola que não funciona, o hospital que continua sem médico. E aí vem a frustração, vem o desânimo. E o povo volta a dizer: “Político é tudo igual”.

Mas será que é mesmo tudo igual? Ou será que a gente tem votado do mesmo jeito, repetindo os mesmos erros, embalados pelo mesmo tipo de campanha?

Existe, sim, político bom. Gente séria, preparada, que acorda cedo, que conhece o bairro, que estuda orçamento, que não foge da responsabilidade. Mas esse tipo de político não costuma fazer tanto barulho. Ele não distribui cerveja no comício, não sobe no palco com cantor famoso, não promete resolver tudo de um dia pro outro. Ele fala a verdade — e, convenhamos, a verdade nem sempre conquista likes.

A verdade incomoda. E talvez por isso a gente prefira, muitas vezes, o conforto da ilusão. Mas ilusão não melhora a merenda da escola. Ilusão não pavimenta rua. Ilusão não cria política pública de verdade.

Estamos num ponto da história em que não dá mais pra brincar de democracia. O preço está alto demais. A desigualdade grita. A violência cresce. A saúde clama. E, mesmo assim, tem gente escolhendo político como quem escolhe bloco de carnaval.

É preciso maturidade. O Brasil precisa de um eleitor exigente. De um povo que cobre, que compare, que entenda que política não é novela — é a base da nossa vida em sociedade. E que político bom não é o que canta bem, mas o que trabalha melhor.

Então, da próxima vez que um candidato aparecer sorrindo demais, prometendo fácil demais, oferecendo festa demais… desconfie. Pergunte: “Qual é seu plano? Como você vai fazer isso? Qual sua experiência? Onde você esteve quando não era tempo de eleição?”

Porque depois que a música acaba, depois que os confetes caem, quem fica limpando a bagunça é o povo. E o que era festa vira silêncio, vira arrependimento, vira mais quatro anos de abandono.

Vamos trocar o entusiasmo passageiro pela construção de um país mais sério. Vamos escolher com a cabeça, com o coração e com responsabilidade. Porque só assim a gente sai da festa e entra, de verdade, no futuro.