O tarifaço americano e o silêncio ensurdecedor do Planalto

Por Aldo Vilela

Enquanto o Brasil ainda digeria a frustração da balança comercial com os Estados Unidos, veio o golpe seco: um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros. Uma medida dura, inesperada? Nem tanto. Vinha sendo anunciada em sinais claros, mas o governo Lula mais uma vez preferiu fingir que não era com ele.

E o que se vê agora é um país encurralado. Sem força diplomática, sem diálogo firme e estratégico com a maior economia do mundo, e pior: sem credibilidade internacional sólida. A retórica dos discursos bonitos em fóruns multilaterais não se sustenta na prática. Porque política externa também é pragmatismo, é mesa de negociação, é entender que o mundo mudou e os interesses mudam rápido.

O tarifaço é mais que uma cobrança alfandegária é um recado. Mostra a fragilidade das relações institucionais entre Brasil e Estados Unidos. Uma relação que deveria ser tratada com maturidade e constância, e não à base de rompantes ideológicos ou fotografias para redes sociais.

No Itamaraty, falta pulso. No Planalto, falta estratégia. O presidente Lula parece mais empenhado em promover viagens simbólicas do que em construir pontes duráveis. Enquanto isso, o setor produtivo brasileiro amarga os impactos de uma decisão que poderia ter sido evitada com diplomacia de verdade.

O silêncio do governo diante da gravidade da crise assusta. Onde está o chanceler Mauro Vieira? Onde está a defesa dos nossos exportadores, dos empregos em risco, da confiança externa no país?

Seja por arrogância, desatenção ou falta de competência, o Brasil está pagando caro. E não é só em tarifas. Estamos pagando com isolamento, com falta de voz em grandes acordos, com a perda de influência global.

A diplomacia é feita de gestos e firmeza. Mas o governo Lula parece se perder nas palavras, nas disputas internas e nas prioridades invertidas.

Agora é correr atrás do prejuízo. Tarde demais, talvez. E mais uma vez, quem paga a conta é o povo brasileiro, soterrado entre tarifas externas e promessas internas.

É o preço da política mal conduzida. E do ego maior que o bom senso.