O país dos sindicatos: 18 mil motivos para não andar pra frente

Num país onde as filas nos hospitais dobram esquinas e a educação pública ainda tropeça nas primeiras letras, há algo que parece multiplicar-se com a velocidade de um vírus fora de controle: os sindicatos. Sim, senhoras e senhores, o Brasil ostenta hoje a impressionante marca de quase 18 mil sindicatos, são 17.289, de acordo com dados disponibilizados na rede mundial de computadores. Isso mesmo, dezoito mil! É sindicato de tudo: do trabalhador rural ao operador de fotocopiadora, do vigilante noturno ao vendedor de algodão-doce. Se duvidar, tem até sindicato pra quem vive fundando sindicato.

O absurdo maior é que muitos desses entes não passam de cabides de emprego de luxo, protegidos por uma engrenagem jurídica que faz inveja a muito cartório. São estruturas mantidas com dinheiro do trabalhador, seja por contribuição direta ou indireta, mas que pouco — ou quase nada — devolvem em representatividade real. São feudos travestidos de instituições. Abrigos para políticos frustrados e apadrinhados que, fora dali, não teriam vez nem voz.

Ora, é natural e legítimo que o trabalhador tenha quem o represente, lute por seus direitos e fiscalize abusos patronais. O problema é que, como quase tudo no Brasil, o modelo foi deturpado. A farra sindical virou um negócio. Uma indústria paralela sustentada, em muitos casos, por interesses escusos e conveniências políticas.

E ainda perguntam por que o país não vai pra frente. Como avançar com um sistema que premia a ineficiência e institucionaliza o apadrinhamento? É como tentar correr uma maratona com uma bola de ferro presa ao tornozelo. E essa bola tem CNPJ, escritório, verba e — não raro — palanque.

Em vez de racionalizar, modernizar e profissionalizar a representação sindical, o Brasil prefere engordar essa máquina inchada. Enquanto isso, o trabalhador, lá na ponta, segue com o salário achatado, os direitos ameaçados e as promessas renovadas a cada eleição sindical — que mais parece pleito político de cidade do interior.

É preciso, com urgência, passar esse país a limpo. Rever o modelo sindical com coragem, reduzir drasticamente esse número indecente de entidades e priorizar quem realmente representa a categoria e entrega resultados. Do contrário, continuaremos sendo o país do excesso: de impostos, de políticos, de estatais… e, agora, também o campeão mundial de sindicatos inúteis.

Até quando?