Uma bela matéria feita pela jornalista Adriana Guarda do Jornal do Commércio na edição deste domingo, me fez refletir e buscar um pouco mais sobre a caga pesada que o brasileiro carrega nas costas quando o assunto e imposto. Você sabia que o Brasil tem, oficialmente, 92 tributos em vigor? Sim, noventa e dois. Isso mesmo. Um número que daria até para montar uma cartela de bingo — e, com sorte, até ganharíamos algum prêmio. Mas, no caso da nossa realidade tributária, quem ganha são sempre os mesmos: o Estado, a máquina pública, a elite política inchada, e não o cidadão.
O brasileiro paga caro. Muito caro. São impostos federais, estaduais e municipais. São taxas, contribuições, encargos, tributos embutidos que encarecem o pãozinho da padaria, o remédio na farmácia, o combustível no posto e até o serviço de streaming que você assiste em casa. Há produtos que chegam a ter mais de 80% do valor final apenas de imposto.
E, ao final de tudo isso, o que recebemos em troca? Filas nos hospitais, insegurança nas ruas, escolas públicas sucateadas, transporte de péssima qualidade e uma burocracia que emperra o país.
O Brasil hoje está na 14ª posição entre os países com maior carga tributária do mundo, à frente de potências como o Reino Unido, Canadá, Estados Unidos e Japão. A diferença? Nesses países, os serviços funcionam. A qualidade da saúde, da educação e da segurança é visível. Lá, pagar imposto não é sinônimo de sacrifício inútil. Aqui, é quase uma punição.
É importante entender a confusão que fazem — ou fazem questão de manter — entre os tipos de tributos.
• Impostos (como o ICMS, o IPI, o IR) não exigem uma contraprestação direta; o Estado cobra e usa como bem entender.
• Taxas são cobradas por um serviço específico (em tese) prestado ao cidadão, como a taxa de lixo ou de iluminação pública.
• Contribuições, como o INSS ou o PIS, deveriam ir para finalidades específicas, mas muitas vezes têm destino duvidoso.
O que temos no Brasil é um verdadeiro manicômio tributário, um sistema caótico, injusto, regressivo — que pesa mais sobre os mais pobres, que pagam proporcionalmente mais do que os ricos.
A Reforma Tributária, que tanto se fala e se empurra com a barriga há décadas, promete simplificar esse sistema. Mas será que vão mesmo mexer onde precisa? Ou apenas rearrumar o tabuleiro, mantendo o peso sobre os ombros de sempre: o trabalhador, o pequeno empresário, o consumidor final?
Enquanto isso, seguimos como estamos: pagando muito, recebendo pouco, e fingindo que um dia isso vai mudar.