Noronha vai além das praias: obras chegam  com fôlego novo

Finalmente, uma boa notícia vinda do Governo de Pernambuco que extrapola a retórica e pousa no chão firme — ou melhor, no solo de Fernando de Noronha. A governadora Raquel Lyra assinou ordens de serviço para um pacote de obras estruturais que soma quase R$ 40 milhões em investimentos no arquipélago. Um gesto que, mais do que uma ação administrativa, é também um movimento político diante de uma ilha que há tempos clama por estrutura digna de seu peso turístico e histórico.

Entre os projetos, estão a requalificação do Palácio São Miguel — sede da administração distrital —, ações de saneamento, melhorias em espaços sociais e a restauração de patrimônios que contam parte da história do Brasil e do mundo. Sim, porque Noronha é mais que paisagem. É território estratégico, cultural e humano. E por isso merece mais do que a maquiagem comum nas temporadas de alta visitação.

A governadora, com esse gesto, acerta.  Diiga-se a ilha passou   por décadas de abandono administrativo que trataram Noronha como vitrine, não como lar. A população residente vive entre o deslumbre dos turistas e a precariedade nos serviços públicos. É preciso lembrar que quem mora ali também vota, sofre com a falta de água, com o transporte precário e com o atendimento de saúde que, muitas vezes, exige remoções caras e difíceis para o continente.

O investimento anunciado agora é robusto — e necessário. É o mínimo que se espera para um lugar que gera receita turística bilionária para o estado, mas que nem sempre vê esse retorno nas melhorias do cotidiano. Noronha não é só cenário de cartão-postal . É comunidade, é vida pulsante, e precisa ser tratada como tal.

E aqui cabe uma cobrança: a Assembleia Legislativa de Pernambuco precisa largar a birra infantil com o Palácio do Campo das Princesas. A disputa política entre os poderes está travando o avanço do estado como um todo. Se a governadora acerta, é preciso reconhecer. Se erra, é preciso criticar com responsabilidade. O papel do Legislativo não é sabotar o Executivo, mas fiscalizar e, sobretudo, construir junto. Noronha é patrimônio mundial. E o mundo está olhando.

Se cada um fizer sua parte — governo, parlamento, comunidade e setor privado —, quem sabe Noronha possa, enfim, ser tratada como merece: um símbolo do Brasil que dá certo. E que, com obras bem executadas, respeitosas com o meio ambiente e com a história local, pode se tornar exemplo para além das suas praias cristalinas.