Mais uma vez, a truculência venceu. E mais uma vez, parece que não vai acontecer absolutamente nada.

E mais uma vez, lamentavelmente, o que deveria ser paixão virou violência. O que deveria ser incentivo, virou agressão. O que deveria ser torcida, virou caso de polícia. Estamos falando do absurdo que ocorreu no centro de treinamento do Sport Recife – um episódio vergonhoso, um retrato escancarado do que não se pode mais tolerar no futebol brasileiro.

Torcedores ou melhor dizendo, vândalos travestidos de apaixonados invadiram o CT do clube, depredaram portões, espalharam o medo, ameaçaram funcionários e, pasmem, agrediram jogadores. Isso mesmo: atletas, profissionais, gente que está ali cumprindo seu trabalho, foram encurralados e atacados. Em que tipo de sociedade isso é aceitável?

É sempre o mesmo roteiro. A torcida organizada se sente “dona do clube”, cobra resultado na base da violência, e o Estado assiste de longe, omisso, sem reação. Não há prisão, não há responsabilização, não há punição efetiva. A diretoria do clube emite nota de repúdio, a polícia investiga ou finge que investiga e no fim das contas, tudo continua como dantes. O CT vira zona de guerra, os jogadores pedem para sair, e a impunidade segue jogando no time titular.

Chegamos a um ponto em que o futebol, em vez de unir, separa. Em vez de celebrar, agride. Torcer virou desculpa para cometer crime. E o mais grave: com a conivência de quem deveria agir.

O Sport é um patrimônio de Pernambuco. É história, é paixão, é cultura popular. Não pode ser sequestrado por meia dúzia de marginais organizados, que acreditam que podem tudo porque usam o escudo do clube no peito. Não podem. Não devem. E a justiça precisa mostrar isso com ações, não com notas ou discursos vazios.

Futebol é emoção, é entrega, é suor. Mas nunca foi, e nunca poderá ser, campo livre para agressão. Jogador nenhum tem que treinar sob ameaça. Nenhum clube pode tolerar esse tipo de ataque. E a sociedade nós, torcedores de verdade precisamos reagir.

O que aconteceu no CT do Sport não é caso de futebol. É caso de polícia. E se não tratarmos assim, mais invasões virão. Mais agressões acontecerão. E a conta, como sempre, cairá no colo do clube, da cidade, e do esporte.

Até quando?