Mais impostos, menos governo: a fatura da má gestão

O Brasil acorda, mais uma vez, com o velho truque de Brasília: diante do rombo nas contas públicas, a solução preferida do governo federal não é cortar gastos — é aumentar impostos. A receita é conhecida, o gosto é amargo, e o povo, como sempre, é quem paga a conta.

A atual gestão federal, que chegou ao Planalto prometendo responsabilidade fiscal e justiça social, parece ter se perdido entre discursos e despesas. A ânsia por agradar bases políticas, manter uma máquina inchada e financiar programas mal geridos cria um abismo entre o que se arrecada e o que se gasta. E agora, para tapar esse buraco, o contribuinte vira alvo.

A reforma tributária, que poderia ser instrumento de simplificação e equilíbrio, vai se transformando em desculpa para arrecadar mais. É como se o Estado dissesse: “gastei mal, agora vocês bancam.” O brasileiro já trabalha, em média, cinco meses do ano só para pagar tributos. E ainda assim, falta saúde, falta segurança, falta educação — mas sobra ministério, sobra cargo comissionado, sobra privilégio.

O mais curioso é que o governo insiste em vender essa busca por receitas como se fosse virtude. “Vamos aumentar a arrecadação para garantir os programas sociais”, dizem. Mas esquecem de mencionar que parte desse dinheiro escorre pelo ralo da burocracia, dos superfaturamentos e da corrupção institucionalizada.

Cortar na própria carne? Nem pensar. O custo do Congresso continua nas alturas. O número de ministérios bate recorde. As emendas parlamentares se tornaram moeda de troca e chantagem política. E enquanto isso, quem empreende, quem consome, quem produz, é sufocado por um sistema tributário que castiga justamente quem tenta fazer o Brasil andar.

O rombo nas contas públicas não é um fenômeno natural. É o reflexo direto de um governo que prioriza o aparelhamento em vez da gestão. E enquanto essa lógica não mudar, não haverá imposto suficiente para saciar a fome de um Estado que quer tudo — menos eficiência.

A arrecadação precisa crescer, sim. Mas com crescimento econômico, não com aumento de carga sobre os ombros do contribuinte. Chegou a hora do governo entender que a sociedade já deu demais. Agora, é Brasília que precisa devolver.