Julgamento, circo, eleições, claque, vai começar….

Começa mais um capítulo decisivo da história recente do Brasil: o julgamento de Jair Bolsonaro. Um ex-presidente da República sentado no banco dos réus é sempre sinal de que a democracia está sendo testada. Mas, neste caso, o teste não é apenas para Bolsonaro, é para o próprio país.

O que está em jogo não é só a biografia de um político que dividiu o Brasil como poucos fizeram. Está em julgamento a capacidade das nossas instituições de darem uma resposta clara ao autoritarismo, às falas golpistas, à tentativa de colocar em dúvida o sistema eleitoral e a própria democracia.

Bolsonaro chega a esse processo carregando um histórico de afrontas, de discursos inflamados e de ataques às urnas eletrônicas, ao Supremo Tribunal Federal e a qualquer um que ousasse contrariá-lo. Mas agora, diante da Justiça, não bastam palavras. O que vale são os fatos, as provas, os atos concretos que colocaram em risco a estabilidade do país.

É preciso ser claro: o julgamento não é contra quem pensa diferente, não é contra o eleitor que acreditou em Bolsonaro. O julgamento é contra um ex-presidente que ultrapassou os limites do cargo e tentou transformar o Brasil em palco de suas aventuras pessoais.

Mais do que punir ou absolver, esse processo precisa deixar uma mensagem. O Brasil não pode seguir sendo terra de impunidade, onde poderosos zombam da lei e saem pela porta da frente como se nada tivesse acontecido.

Chegou a hora de mostrar se as instituições brasileiras estão de pé ou se a pressão política e o medo da polarização vão, mais uma vez, empurrar tudo para debaixo do tapete. O mundo inteiro olha para esse julgamento. E o eleitor brasileiro, cansado de ser feito de idiota, também.

Seja qual for o resultado, o fato é que o Brasil não será o mesmo depois desse processo. Ou reforçamos a democracia, ou corremos o risco de vê-la sendo corroída, pouco a pouco, pelo silêncio e pela covardia.