Finalmente, uma fala sensata vinda do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em meio a tantos tropeços fiscais, ajustes impopulares e uma economia que ainda patina, Haddad acertou o alvo ao afirmar que o governo precisa sim taxar com mais rigor as plataformas de apostas esportivas as famigeradas BETS.
Essas casas de apostas online, que brotaram como praga nos últimos anos, invadiram tudo: televisão, redes sociais, uniformes de times, a cabeça dos jovens e, pior, o orçamento das famílias mais pobres. Elas se camuflam com propagandas chamativas, promessas de “ganhos rápidos” e patrocínios milionários, mas o que fazem, na prática, é sugar o pouco que resta do bolso de um povo já exausto e endividado.
É só andar pelos bairros populares de qualquer cidade brasileira para ver o estrago. Jovens viciados, famílias em colapso, pais de família que apostam o que não têm na esperança de um milagre. É o novo vício legalizado, que não pede receita, não exige controle, mas cobra caro: cobra sonhos, destrói lares e aprofunda ainda mais o abismo social.
E o Estado? Até agora, fez vista grossa. Deixou essas plataformas operarem livremente, sem regras claras, sem fiscalização eficaz, sem uma cobrança tributária justa. Enquanto isso, bilhões de reais giram por essas empresas muitas com sede no exterior sem que o Brasil veja retorno proporcional em tributos ou ações de prevenção ao vício.
Taxar as BETS não é só uma questão de arrecadação. É também uma medida de responsabilidade social, de justiça econômica, de saúde pública. O governo precisa atuar firme, regular, cobrar impostos compatíveis com o lucro exorbitante dessas plataformas e usar parte desses recursos para campanhas de conscientização e tratamento contra o vício em jogos.
É irônico: o trabalhador formal é esmagado por impostos em tudo o que consome, enquanto um setor que lucra com a miséria emocional do povo segue quase intocado. A lógica se inverteu: quem trabalha paga, quem explora, lucra. E isso não pode mais ser tolerado.
Não é moralismo. É realidade. As BETS são hoje um dos maiores fatores de destruição silenciosa do cotidiano das periferias brasileiras. E se o governo Lula quer mesmo combater desigualdades, está aí um bom começo: cortar a farra de quem lucra com a desgraça alheia.