A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça dia 30 de setembro, o fundo eleitoral para as eleições de 2026. Serão R$ 4,9 bilhões de dinheiro público destinados às campanhas políticas. É o chamado “fundão”, aquele caixa robusto que, em tese, serve para fortalecer a democracia, mas na prática tem sido uma das maiores aberrações de um país que vive à beira do colapso em áreas essenciais.
Como explicar à população que faltam remédios em postos de saúde, que hospitais continuam superlotados, que escolas públicas seguem sem infraestrutura mínima, enquanto bilhões são retirados dos cofres públicos para bancar santinhos, jingles e showsmícios? O recado que o Congresso passa é duro: o interesse dos partidos está acima das necessidades urgentes do povo.
Os defensores do fundão alegam que o financiamento público evita a dependência de grandes empresas e diminui a corrupção. Mas a realidade mostra outra coisa: o dinheiro não impede caixa dois, não elimina desvios e, pior, institucionaliza um privilégio bilionário para as elites partidárias. É como se a democracia brasileira só pudesse sobreviver à custa da fome e da miséria da população.
Estamos diante de um dilema cruel: investir quase 5 bilhões em políticos que já contam com estrutura, ou investir esses recursos em saúde, segurança e educação, que seguem clamando por atenção? O caminho escolhido está claro, e não é o que melhora a vida do cidadão comum.
Quando o povo mais precisa de políticas públicas eficientes, o Estado prefere financiar campanhas milionárias. Assim, a política vira um negócio cada vez mais distante da realidade das ruas, um palco caro onde os atores são sempre os mesmos e a plateia paga para assistir sem direito de vaiar.
O Brasil segue, infelizmente, cavando o próprio buraco. A democracia precisa de credibilidade, mas, do jeito que está, só entrega indignação. Com escolhas assim, o país não apenas desacelera: condena-se ao fracasso.