Dia a dia vamos afundando cada vez mais

O Brasil parece não encontrar o caminho da normalidade. Todos os dias surgem novos capítulos da novela política que envolve Lula, Bolsonaro, Alexandre de Moraes e agora Silas Malafaia. É um enredo sem fim, que mistura religião, justiça e poder, com consequências diretas para a vida de um país que já não aguenta mais tanta turbulência.

As novas gravações de áudio que vieram a público mostram a proximidade nada discreta entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o pastor Malafaia. Conversas que soam mais como articulação de bastidores do que como diálogo espiritual. O detalhe é que, em meio a esse turbilhão, a Polícia Federal apreendeu o passaporte de Malafaia, mais um episódio que deixa claro que o cerco judicial está cada vez mais próximo de figuras antes intocáveis do bolsonarismo.

Do outro lado, o presidente Lula tenta governar, mas segue atolado em crises políticas, cercado por uma base dividida e por escândalos que pipocam dentro e fora de Brasília. Enquanto isso, o ministro Alexandre de Moraes permanece no centro do palco, tomando decisões duras, aplaudidas por uns e criticadas por outros, como se fosse um árbitro solitário tentando controlar um jogo em que os jogadores não respeitam regras.

A sensação é de que o Brasil vive em estado permanente de campanha eleitoral, de revanchismo e de espetáculo. As instituições viraram arenas de gladiadores políticos, em que cada um luta para destruir o outro, e não para oferecer soluções ao cidadão comum. É como se a democracia brasileira tivesse se transformado em uma guerra de facções, cada vez mais distante do povo que deveria representar.

Enquanto isso, a violência cresce, a educação patina, e o país real, aquele que levanta cedo, pega ônibus lotado e luta por um prato de comida, continua esquecido. Lula, Bolsonaro, Moraes e Malafaia parecem personagens de uma novela que não cansa de se repetir, mas que não oferece final feliz.

E fica a pergunta: até onde vamos com esse roteiro? Será que o Brasil tem forças para reencontrar a política séria, responsável, voltada para a construção de um futuro melhor? Ou continuaremos prisioneiros de áudios vazados, passaportes apreendidos, decisões judiciais polêmicas e discursos inflamados que só aprofundam a crise?

O fato é que, dia após dia, o Brasil escorrega mais para o buraco da desconfiança, da intolerância e da paralisia. E o povo, mais uma vez, paga a conta dessa confusão sem fim.