Brasil refém da polarização: até quando Lula e Bolsonaro vão travar o país?

Por Aldo Vilela

Domingo de manifestações no Brasil. E o que era para ser um exercício legítimo da democracia mais uma vez virou vitrine para a repetição do enredo que parece não ter fim: Lula de um lado, Bolsonaro do outro. O país continua refém dessa dicotomia tóxica, paralisado por uma disputa que deixou de ser política para virar quase religiosa. Duas seitas que trocam acusações, desinformações, agressões e ameaças como se o futuro da nação se resumisse à manutenção de um ou à destruição do outro.

Não se trata mais de esquerda ou direita, liberal ou progressista, programas ou propostas. Trata-se de ódio. Um lado que ainda tenta justificar ataques à Constituição e flerta perigosamente com o autoritarismo. E outro que, ao invés de governar para todos, alimenta o rancor e não se dispõe a dialogar com os diferentes. Em comum, a intolerância. O desejo de eliminar o adversário, não na arena das ideias, mas na base da violência verbal, simbólica ou física.

O que vimos nas ruas foi mais do mesmo. Palanques improvisados, discursos inflamados, cartazes com os velhos clichês. E uma ausência gritante: a de qualquer sinal de terceira via, de alternativa, de nome novo, de projeto que olhe para o futuro e não fique preso ao passado.

Até quando o Brasil vai tolerar ser conduzido por esse binarismo? A democracia pede mais. O povo brasileiro merece mais. Será mesmo que estamos condenados a viver nessa gangorra de extremos, onde a única escolha é entre o erro do passado e a decepção do presente?

Não há espaço para outros nomes? Não há mesmo? Ou será que há, mas a máquina do poder, da mídia, das redes e das alianças tóxicas impede que qualquer proposta nova floresça? É um ciclo viciado, onde o debate virou briga, a divergência virou inimigo, e o país… parou.

Enquanto os extremos se digladiam, o Brasil sangra. A educação estagnada, a saúde esquecida, a segurança caótica, a economia patinando. Tudo em segundo plano diante da obsessão em manter um duelo que não constrói, só destrói.

É urgente abrir espaço para o novo. Para quem pensa diferente sem ser tratado como inimigo. Para quem acredita que dá pra fazer política com decência, com racionalidade e com foco no bem comum. Porque, do jeito que vai, o Brasil não aguenta muito mais.