Auto promoção de gestores públicos, a nova onda no Brasil dos políticos marqueteiros

Estamos vivendo uma nova era na política brasileira… uma era em que os prefeitos, governadores e até vereadores viraram influencers. Isso mesmo. Eles são agora as estrelas principais de suas próprias gestões.

Mas não se engane: por trás da câmera, por trás dos vídeos bem editados, dos sorrisos com filtro e das frases de efeito… o roteiro é antigo.

Trocaram o palanque pelo ring light, e os panfletos viraram reels. O que não mudou? A velha obsessão por voto… e agora, com um novo ingrediente: eleger suas primeiras-damas deputadas.

É isso mesmo, o projeto político virou projeto de casal.

Antes, a primeira-dama era discreta, figura de bastidor. Hoje? Está nos vídeos, nos eventos, nas ações sociais. Vai junto entregar cestas, cortar fitas, distribuir abraços — tudo registrado, legendado, editado. Como quem diz: “olha só como ela cuida bem do povo”.

Mas por trás do cuidado… vem o cálculo.

Aparece ali, aparece acolá… e quando você menos espera, já tem jingle, número de urna e santinho com o mesmo sobrenome do prefeito.

É a profissionalização da imagem familiar no poder.

E vamos ser justos: não se trata de questionar a capacidade individual de ninguém. A crítica aqui vai pra esse modelo de gestão-palanque, onde tudo é feito com a lente voltada para as eleições seguintes. Onde o objetivo não é governar bem… é se manter no poder a qualquer custo — mesmo que para isso, a prefeitura vire estúdio e o povo, plateia.

Estamos diante de um novo clientelismo — agora com filtro de Instagram e trilha sonora de TikTok.

E quem paga o preço? A política séria, o debate verdadeiro, o projeto coletivo. Porque enquanto o foco está no próximo story, o buraco da rua segue lá. Enquanto o casal sorri para a câmera, o hospital continua sem médico. Enquanto o vídeo viraliza, a escola desaba.

É preciso acordar. Política não é herança de casal. E gestão pública não é empresa familiar.

Fica aqui o alerta. Porque no fim das contas, o story some… mas a má gestão, essa fica por quatro — ou oito — anos.