Você já ouviu falar nas tais emendas parlamentares, não é? São aquelas verbas que deputados e senadores indicam para suas bases eleitorais. Em tese, é dinheiro para ajudar hospitais, escolas, pavimentar ruas, fortalecer municípios. Na teoria, bonito. Na prática? Um buraco negro do orçamento.
Estamos falando de bilhões de reais — isso mesmo, bilhões — distribuídos sem transparência, sem critério técnico e, muitas vezes, sem nenhum resultado prático.
É a farra dos bastidores. Um orçamento paralelo onde o parlamentar manda, e o povo nem sabe. Muitas vezes, o dinheiro vai pra uma cidade minúscula que, curiosamente, teve uma votação estrondosa para aquele deputado. Adivinha por quê?
Tem recurso indo para entidades fantasmas, obras inacabadas, projetos que ninguém fiscaliza. É a tal da “emenda pix” — rápida, sem rastreamento, sem audiência pública, sem explicação convincente.
E enquanto o povo espera remédio, saneamento e segurança, o parlamentar está lá, na sua base, fazendo festa com o dinheiro da própria emenda. Com direito a faixa de agradecimento e fogos de artifício.
E mais: quem deveria controlar isso? O governo fecha os olhos, porque precisa da base. Os tribunais demoram a agir. E o eleitor… bem, o eleitor raramente é informado.
O Brasil transformou a política pública em moeda de troca. Em vez de política de Estado, temos política de interesses. O país virou refém de emendas trocadas por votos no Congresso.
É o orçamento sequestrado. E quem paga, claro, é você — que trabalha, paga imposto e assiste à encenação.
A emenda, quando séria, é importante. Mas quando vira moeda de chantagem, de vaidade ou de campanha antecipada, ela deixa de servir ao povo e passa a servir à reeleição de quem a controla.