Pernambuco vive uma escalada violenta em casos de feminicídio que desafia discursos oficiais de queda nas estatísticas. Apesar de algumas autoridades negarem ou minimizarem, os números recentes e os episódios brutais demonstram que a “diminuição” não condiz com a realidade de sofrimento de muitas mulheres
Os números não mentem
• Um levantamento do Instituto Fogo Cruzado mostra aumento de 45% nas vítimas de feminicídio em Pernambuco em 2025, quando comparado ao mesmo período de 2024.
• De janeiro a agosto deste ano, o estado registrou 61 feminicídios, 11 a mais do que no mesmo intervalo em 2024.
• Em Caruaru, por exemplo, consta que os feminicídios cresceram 20,5% nos cinco primeiros meses de 2025, frente ao mesmo período do ano anterior.
Casos que chocam pelo grau de crueldade
Os casos recentes trazem não só o lamento de vidas perdidas, mas o horror de violências desumanas:
Em Caruaru, uma jovem de 20 anos foi encontrada morta, assassinada pelo namorado, com cerca de 100 facadas, principalmente no pescoço.
No Paulista, uma mulher foi achada sem vida dentro de um motel, com sinais de estrangulamento e indícios de violência sexual um controle remoto inserido, manchas de sangue espalhadas, paredes manchadas. Testemunhas falam de silêncio estranho, ausência de gritos.
Discrepância entre discurso e realidade
Enquanto o governo busca afirmar que “os números diminuíram”, há forte indício de que isso não se reflete no cotidiano das mulheres em Pernambuco nem na impunidade, nem na prevenção:
A gravidade dos casos vai além da estatística: brutalidade, requintes de crueldade, agravantes psicológicos (ciúmes, possessão, relações tóxicas) aparecem com frequência.
Há relatos também de falhas no sistema de proteção: demora nas decisões, descaso, invisibilização atores que contribuem para que ameaças não sejam levadas a sério até que seja tarde demais.
Por que isso continua acontecendo?
Vários fatores se entrelaçam:
1. Cultura machista & desigualdade de gênero – Persistência de crenças e práticas que desvalorizam mulheres, que justificam ou toleram agressões, que naturalizam o “posse”, o “controle” sobre a mulher.
2. Fracassos nas políticas públicas – Falta de investimento real em delegacias da mulher, medidas protetivas que demoram, insuficiência de punição eficaz, falta de reabilitação para agressores.
3. Recursos limitados ou mal alocados – Polícia, hospitais, justiça, assistência social muitas vezes operam com sobrecarga ou sem estrutura adequada para agir preventivamente ou dar suporte às vítimas.
4. Invisibilidade & omissão social – Muitas mulheres não denunciam, por medo, vergonha ou descrença de que haverá proteção; vizinhos ou redes sociais muitas vezes silenciam; mídia nem sempre cobre com profundidade ou continuidade os casos.
O que precisa mudar urgentemente
• Garantir efetividade das medidas protetivas, pra que entrem em vigor rápido, com segurança para a mulher.
• Investir na prevenção, educação em gênero desde cedo, formação policial com sensibilidade, programas de conscientização.
• Fortalecer a rede de atendimento: saúde mental, abrigos, assistência jurídica e psicológica.
• Transparência nos dados guerra de interpretações não serve; precisamos de estatísticas confiáveis auditadas, que permitam ver a real tendência dos casos.
• Justiça célere e rigorosa sobre os casos de feminicídio; que haja responsabilização civil, penal, social, que não sejam casos esquecidos ou abafados.
“vamos parar essa violência contra a mulher” não pode ser apenas frase de efeito
Questiono: quantas mulheres mais terão que ser mortas para que a resposta seja proporcional à gravidade da situação? Até quando vamos tolerar discursos que garantem queda nos indicadores enquanto gente morre de forma tão brutal e assustadora?
A que ponto chegamos e até onde vamos deixar chega


