A nova praga do mundo moderno

O Brasil parece ter descoberto, nos últimos anos, uma nova praga social: os chamados digital influencers. Uma legião de gente desqualificada, sem preparo, sem conhecimento de mundo e, em muitos casos, sem qualquer traço de responsabilidade, que se transformou em referência para milhões de seguidores. Pessoas que jamais teriam espaço em um debate sério, mas que hoje opinam sobre tudo, ditam comportamentos, influenciam consumo e até moldam visões políticas.

Esse fenômeno diz muito mais sobre o Brasil do que sobre os próprios influenciadores. Somos um país com uma tradição perigosa de idolatrar quem não soma nada para a sociedade. Uma cultura que prefere a superficialidade ao conteúdo, que troca educação sólida por frases feitas em vídeos de poucos segundos. E a consequência é devastadora: juventudes inteiras crescendo ao som de mensagens vazias, banalizando valores, tratando a vida como espetáculo barato de rede social.

É duro, mas é a realidade: só tem seguidor quem encontra plateia. E se esses influenciadores têm milhões de seguidores, é porque a nossa população, em grande parte, aceita o papel de plateia de mau gosto. Crianças e adolescentes, em vez de inspiração no estudo, na ciência, na arte, são empurradas para o consumo desenfreado, para a exibição vazia, para o caminho do mal travestido de glamour.

A pergunta que fica é: até onde isso vai nos levar? O Brasil já é um país marcado pela desigualdade, pela precariedade da educação, pela falta de oportunidades. Agora, soma-se a isso uma juventude conduzida por ídolos de areia, gente que não tem compromisso com nada além de si mesma.

Influenciar não é crime. Mas transformar ignorância em produto de massa é sim um problema coletivo. Enquanto o país se orgulhar desse tipo de “estrela digital”, vamos continuar empobrecendo nossa cultura, matando a reflexão crítica e preparando uma geração que não sabe pensar, só reproduzir.

E talvez esse seja o retrato mais fiel do Brasil: uma nação que prefere seguir a mediocridade ruidosa em vez de construir, com seriedade, o seu próprio futuro.