No Brasil, até mesmo quando alguém deixa o poder, o bolso do contribuinte continua sendo chamado a sustentar. É o caso dos ex-presidentes, que por lei têm direito a uma estrutura digna de chefe de Estado, mas que na prática virou um privilégio milionário e injustificável em um país que convive com filas no SUS, escolas caindo aos pedaços e estradas esburacadas.
Só no primeiro semestre deste ano ( 2025), a conta desses “aposentados de luxo” chegou a R$ 3,65 milhões, segundo dados oficiais da Presidência. E não estamos falando de aposentadoria, mas de equipes de servidores, carros oficiais, passagens aéreas e diárias, como se estivessem ainda em campanha. Fernando Collor, que a história já tratou de colocar na prateleira das páginas controversas, lidera o ranking com quase R$ 931,5 mil gastos. Acreditem os senhores e as senhoras, são sete servidores pagos pelo erário, R$ 412,4 mil em salários, R$ 259,5 mil em passagens nacionais, R$ 198,4 mil em diárias no país e até R$ 20,6 mil em combustíveis e veículos. Tudo isso para quem não tem mais obrigação administrativa alguma.
A ex presidente Dilma Rousseff, que desde abril de 2023 despacha de Xangai, na China, como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, também não fica atrás: R$ 862,5 mil em meio ano. Entre salários (R$ 408,7 mil), ajudas de custo para pessoal civil (R$ 130,8 mil) e missões internacionais (R$ 129,2 mil), a conta sobe como um foguete, enquanto o país tenta cortar gastos.
E o que é mais grade ? o mais grave é que tudo isso é perfeitamente legal. A lei garante, e ninguém no Congresso parece disposto a mudar. Por aqui, ex-presidentes não se despedem do poder, apenas trocam o gabinete do Planalto por uma versão menor, paga com o nosso dinheiro.
Num Brasil onde milhões vivem com menos de um salário mínimo, essa conta é indecente. É mais um retrato de um Estado que cuida muito bem de quem já teve poder e muito mal de quem nunca teve nada. Sigamos em frente sempre na esperança que isso um dia muda, será ?
Eu mesmo não acredito de jeito algum.