Foi preciso que empresários norte-americanos levantassem a voz para que o governo Trump recuasse, mesmo que parcialmente, do brutal tarifaço contra o Brasil. E aqui, a pergunta que ecoa é inevitável: onde estava o Itamaraty? A diplomacia brasileira, outrora respeitada até por seus adversários, parece ter se encolhido a ponto de não conseguir sequer acesso ao terceiro escalão da Casa Branca.
O governo Lula falhou. Falhou em perceber a gravidade da situação, falhou em agir com agilidade, falhou sobretudo em ter protagonismo. O que se viu foi um Brasil periférico, passivo, aguardando que o socorro viesse de fora, como aluno que espera a ajuda do colega mais popular para não repetir o ano. E veio. Mas não do Itamaraty, nem do Planalto. Veio de empresários americanos que, preocupados com seus próprios lucros e com a quebra de cadeias produtivas, atuaram diretamente para pressionar Trump.
A diplomacia brasileira, fragilizada por erros acumulados de governos anteriores e por um atual Executivo que trata relações exteriores como extensão de palanque ideológico, foi humilhada neste episódio. Não houve conversa de Lula com Trump. Nenhum esforço direto. Nenhum gesto forte. A retórica cansada da “soberania nacional” ficou pelo caminho quando o Brasil teve de assistir de camarote e calado às decisões que impactam diretamente sua economia.
Trump, como sempre, usou sua velha cartilha: ameaça alta, bate forte, recua um pouco e colhe o fruto político do “eu resolvi”. No fim, o tarifaço foi suavizado. Mas não graças ao Brasil. Se dependesse da atuação do governo Lula, ainda estaríamos debatendo se enviamos ou não uma comitiva de “observação” a Washington.
Este episódio expõe, de forma escancarada, a crise da política externa brasileira. Uma diplomacia sem voz, um presidente sem presença internacional, e um país que sai menor, não pelos números econômicos, mas pela incapacidade de se fazer ouvir.
O Brasil que já teve chanceleres que circulavam entre os grandes do mundo, hoje é ignorado até por assessores de gabinete. A política internacional exige competência, estratégia e respeito institucional. Neste episódio, tivemos zero de tudo isso. E ainda há quem acredite que está tudo sob controle.
Só não foi pior porque os empresários norte-americanos fizeram o que o governo brasileiro deveria ter feito desde o início: defender o interesse comum, agir com pragmatismo e exercer pressão. O Brasil, infelizmente, foi coadjuvante de sua própria crise. Um vexame diplomático que ficará na história.