Mais uma vez, o Brasil mergulha em uma narrativa que insiste em dividir o país em dois: ricos contra pobres, pobres contra ricos, como se o problema do Brasil fosse um simples jogo de lados. O presidente Lula, com o apoio de parlamentares como Guilherme Boulos e de movimentos populares alinhados ao governo, tem alimentado esse discurso como se fosse a única alternativa para combater desigualdades. Recentemente, vimos a cena emblemática: manifestantes invadindo a sede do banco Itaú, em São Paulo, pedindo mais impostos para os mais ricos, com palavras de ordem que mais lembram guerra do que um projeto de nação.
É claro que a desigualdade social é uma chaga aberta no Brasil — ninguém de bom senso discute isso. Mas transformar esse problema complexo numa cruzada contra a classe produtiva, contra quem empreende, gera empregos e sustenta a máquina pública, é de uma miopia perigosa.
O que se vê é a radicalização do discurso político e ideológico. Em vez de construir pontes, o governo parece preferir cavar trincheiras. Lula, que já foi símbolo de conciliação em seus primeiros mandatos, agora parece disposto a apostar tudo numa guerra simbólica. E, nessa guerra, todos perdem.
A esquerda que ocupa cadeiras no Congresso e lidera movimentos sociais está alimentando um clima que lembra os piores momentos de intolerância política. Guilherme Boulos, por exemplo, que já se apresentou como voz jovem e inovadora da política nacional, agora se vê associado a protestos que mais assustam do que mobilizam. Invasão de sede de banco não é proposta, é barulho.
O Brasil precisa de reformas, sim — tributária, política, social. Mas reformas feitas com equilíbrio, com diálogo, com maturidade. A reforma tributária deve ser justa e progressiva, mas não pode ser feita com ódio de classes nem com revanchismo. O resultado disso é estagnação, fuga de investimentos e o aprofundamento da crise.
Estamos cansados de polarizações. Já não bastasse o embate infindável entre bolsonaristas e lulistas, agora querem instaurar uma nova divisão entre “os ricos malvados” e “os pobres injustiçados”. O que o povo quer, de verdade, é emprego, segurança, educação decente, saúde que funcione — e não discursos inflamados e manifestações para inglês ver.
Lula ainda tem tempo para mudar esse rumo. O Brasil não precisa de inimigos internos, precisa de soluções. O povo não quer guerra, quer paz e prosperidade. Mas, para isso, os líderes precisam descer do palanque, abandonar as narrativas ideológicas e começar a governar para todos. Chega de dividir. É hora de unir.