Deseducação, Intolerância e Futilidade: a Trindade que Corrói a Sociedade Brasileira

Vivemos em tempos estranhos. O país que já foi sinônimo de alegria, cordialidade e criatividade agora se curva diante de uma tríade que destrói silenciosamente as bases de qualquer convivência saudável: a deseducação, a intolerância e a futilidade.

A deseducação não é apenas a ausência de escola ou de livros. Ela é mais profunda, mais corrosiva. É a banalização do saber, a transformação da ignorância em virtude. É ver jovens sendo incentivados a zombar de professores, a desprezar a leitura, a tratar o estudo como punição e não como libertação. É ligar a televisão e ver programas que glorificam o vazio, é abrir redes sociais e perceber que ser engraçado virou mais importante que ser ético, que a esperteza está vencendo a sabedoria.

Mas a deseducação não caminha sozinha. Ela dá as mãos à intolerância, e juntas elas desfilam pelas ruas, pelas timelines, pelas rodas de conversa. Hoje se discute pouco e se grita muito. Divergir virou crime. Ter opinião virou provocação. O diferente incomoda, o oposto irrita, e o contraditório é cancelado. Estamos numa sociedade onde o “eu penso assim e ponto” virou a regra, e o debate virou briga de torcida. Perdemos o senso, o bom senso, o senso comum. E o pior: achamos isso normal.

No meio desse caos, reina a futilidade. A preocupação maior não é com o que se diz, mas com o número de curtidas. Não importa se a informação é verdadeira, importa se viraliza. A vida virou vitrine, e a vitrine é rasa. O culto ao corpo substituiu o cultivo da mente. A aparência ganhou da essência por W.O. O Brasil, país de poetas, músicos e pensadores, hoje se perde num mar de superficialidades que não leva a lugar algum.

Enquanto isso, os problemas reais continuam batendo à porta: a fome, a desigualdade, a violência, a falta de perspectivas. Mas quem se importa com isso, se o foco está no próximo reality show, na próxima polêmica fabricada, na próxima selfie com filtro?

Precisamos acordar. Urgente. A sociedade que troca o saber pelo sarcasmo, a empatia pelo ego e a profundidade pela pose está construindo um futuro instável, injusto e insustentável. E o pior: está criando uma geração que, sem perceber, se orgulha do próprio atraso.

A saída? Educação de verdade. Diálogo de verdade. Valores de verdade. Sem isso, continuaremos andando em círculos, aplaudindo o nada e atacando quem tenta ser alguma coisa.