Vivemos tempos estranhos. Tempos em que o tribunal das redes sociais atropela o bom senso, e onde parte da imprensa — que deveria se pautar pela apuração responsável — prefere o clique fácil à verdade dura. É nesse cenário, infelizmente já rotineiro, que se tenta agora julgar, de forma precipitada e até cruel, o médico Seráfico Júnior, envolvido num trágico acidente que ceifou a vida de sua namorada.
Vamos aos fatos: houve uma fatalidade. E como toda tragédia, ela exige luto, respeito e apuração. Mas não é isso que muitos têm feito. O que se vê são ilações, insinuações e julgamentos morais baseados em suposições. O que se vê é uma tentativa de transformar dor em espetáculo e sofrimento pessoal em manchete sensacionalista.
Seráfico Júnior é um médico reconhecido, com histórico profissional sério e ficha limpa. Não há, até o momento, nenhum fato concreto que justifique o massacre virtual ao qual ele vem sendo submetido. O que há, infelizmente, é a pressa por condenar sem provas, por apontar culpados antes do devido processo, por alimentar uma fogueira de vaidades e cliques.
É preciso lembrar que o direito à ampla defesa, à presunção de inocência e ao respeito à dignidade da pessoa humana não são concessões — são pilares de uma sociedade civilizada. E mesmo quando se trata de figuras públicas, o que não se pode fazer é cruzar a linha entre jornalismo e linchamento.
A verdade precisa ser apurada com responsabilidade, pela justiça e pelas autoridades competentes — não pelos comentários rasteiros de perfis anônimos ou colunas mal-intencionadas.
Neste momento, o que se espera é empatia. O médico perdeu alguém que amava. Está sofrendo. E precisa, como todos nós, ser respeitado enquanto os fatos são investigados. Que os julgamentos fiquem para quem tem autoridade moral, técnica e legal para fazê-lo — e não para quem vive de transformar dor em curtida