A farra continua e nós pagamos a conta

O Brasil já tem um dos Legislativos mais caros do planeta. E mesmo assim, o que se discute agora? Um aumento no número de deputados federais. Isso mesmo. Mais cadeiras em Brasília, mais salários, mais verbas, mais assessores, mais custos — para um país que já vive sufocado por uma máquina pública obesa e ineficiente.

Hoje são 513 deputados. E querem ampliar esse número para 531. Dizem que é para “corrigir distorções na representação”, uma maneira elegante de dizer que alguns estados cresceram em população e merecem mais parlamentares. Mas ninguém fala em reduzir em outros lugares, claro. Afinal, mexer no próprio privilégio, ninguém quer.

O argumento técnico até pode fazer sentido em termos de proporcionalidade, mas a pergunta que se impõe é: o país pode pagar por isso? Num momento em que faltam recursos para saúde, educação e segurança pública, é razoável pedir que o cidadão banque mais dez deputados e toda a estrutura que vem junto com cada um deles?

Cada gabinete parlamentar custa milhões por ano. E o retorno? Esse é o verdadeiro problema. O que ganhamos como sociedade com mais deputados? Leis melhores? Maior fiscalização do Executivo? Ou apenas mais barulho, mais emendas, mais fisiologismo e mais acordos de bastidores?

O Congresso brasileiro, em vez de buscar eficiência e representatividade real, parece empenhado em inflar sua própria bolha. Aumentar o número de parlamentares sem mexer na estrutura, sem cortar excessos, é um escárnio com o bolso do contribuinte. É dizer com todas as letras: a política serve a si mesma — e não ao povo.

Fica o recado: o Brasil não precisa de mais deputados. Precisa de melhores deputados. De políticos comprometidos com a nação, e não com os próprios interesses. E, acima de tudo, de um Congresso que saiba ouvir a sociedade — e não apenas o próprio eco.